quinta-feira, 30 de abril de 2009

A Mocidade Portuguesa (não, não sou nenhum salazarista)

O 25 de Abril já foi há uns dias, mas não sei porquê hoje é que estou com espírito revolucionário. Sinto que algo grande me espera, a mim e à minha vida. Uma espécie de Obama, mas ao contrário (tipo, primeiro presidente branco em Angola ou Moçambique), manda chuva dos piratas da Somália ou até comer a Soraia Chaves (nem que fosse como personagem principal d'algum Crime do Padre Amaro).
Foi também um daqueles dias em que me olhei ao espelho e perguntei, "espelho meu, espelho meu, quem tem uma trunfa mais lisa e bonita do que eu?". (Refira-se que o espelho não respondeu e, partindo-se do princípio de que quem cala consente... a resposta só pode ser: ninguém).
Pronto, isto tudo só para se perceber que hoje foi um daqueles dias em que andei bué do idealista (efeito dos 17 anos, talvez). E isso comigo às vezes pode dar p'ró torto (felizmente não deu). Andei o dia todo a guardar p'ra mim as minhas ideias sobre o estado lastimável da nossa juventude e, como tal, agora vai-se iniciar a acção de despejo (aconselha-se a não presença de civis num raio de 5 km a partir de minha casa; grato pla atenção).
Cheguei a casa por volta das 6 e apeteceu-me tudo menos enfiar o nariz nos livros. De modo que me fui repastelar no sofá. Peguei no comando e liguei a televisão. RTP1: Portugal em directo (não me apetece). 2: A fé dos homens (seca). SIC: Rebelde way (treta). TVI: Morangos com açúcar, série 3558 (treta elevada à 10ª potência, o que dá um número para lá do infinito). E a que conclusão é que eu chego após visualizar meia hora daquilo (palavra, tive que me conter para não escrever o termo "lixo televisivo"...)? Que para além de em certos aspectos ser um reflexo dos jovens que temos, ainda contribui para a futilidade destes.
Pois, parece que hoje em dia esta mocidade o que importa é o estilo... Mas já vamos ao estilo. Antes do estilo: onde é que estão as caras feias nos Morangos? (e quando digo feias não digo menos bonitas, digo mesmo daquelas: epá és mesmo feia... Quantos miúdos/as cheias de talento não estão a ser postos de lado por pseudo-actores que vêm daqueles contentores de modelos provenientes das agências, que até me faz lembrar os contentores de estrangeiros na Superliga,apenas devido à falta de beleza?). Todas as ascolas as têm (caras feias). Assim, claro que os Morangos são o mundo de sonho para os nossos jovens portugueses do séc.XXI. Sabem qual é o efeito? É que depois a rapaziada quer é ter amigas boas e amigos giraços e cheios de estilo, mesmo que como pessoas deixem algo (bastante) a desejar. A Maria Antonieta até pode ser fixe e muito boa pessoa, mas se não mudar rapidamente de nome, não tiver uma carinha laroca ou um bom par de mamas (ou outros aspectos físicos que a sociedade hoje em dia valoriza), a probabilidade/facilidade de fazer amigos decresce em flecha (ok, um bocado hiperbólica esta afirmação...).
Outra coisa preocupante, na minha opinião, é a tal questão do estilo. É normal um gajo chegar aos 15/16 anos e cuidar melhor da sua aparência. Mas caramba, eu quando tinha 12/13 anos ia pr'á escola a contar os minutos para cque chugasse o intervalo e viessem 15 minutos de futebolada. Hoje em dia, tal é dificíl de se verificar, pois o penteado pode-se estragar, as roupas sujarem-se ou as sapatilhas desgastarem-se. Acho triste a futilidade destes putos: interessa é o "look" e a "pausa". "Eia, meu, aquela gaja não se sabe mesmo vestir! É tão triste!" (gargalhada sonora reproduzida por meia dúzia de fedelhos imberbes e, quiçá, com as hormonas aos saltos). Quero ver é que é que lhes vai sustentar o estilo quando acabar a mama da mamã e do papá... é que a meu ver, isto no futuro pode trazer repercussões negativas (para além do facto de diminuir a probabilidade de aparecer um Figo ou C.Ronaldo...).
Mas quero concluir dizendo que, para meu orgulho, ainda há putos como deve ser, despentados, sujos, e que vão para a sala de aula com um pestilento odor a sovaco. O D.Afonso Henriques está orgulhoso de vocês, meus jovens!